quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Educação do Futuro


Transmissão  X  Construção
Responsabilidade do Professor  X  Responsabilidade de todos    
Obediência a normas  X Negociação/cooperação
Resultados unificados  X   Diversas possibilidades de resultado
Anulação de diferenças  X Valorização das diferenças
Perspectiva do material  X Pluralidade em sala
Significados fixos  X  significados dinâmicos
Padronização  X Interlocução/engajamento
Aluno passivo/refletivo  X  Aluno reflexivo/interativo
Aluno aprendiz  X Aprendizes: professor e aluno
Ênfase na repetição  X Ênfase na criação
Progressão linear de conteúdos  X  Extrapolação de conteúdos previstos
Trabalho descontextualizado  X  Trabalho contextualizado
Previsibilidade  X  Imprevisibilidade
Foco no conteúdo  X  Foco no grupo
Controle  X  Orientação
PRODUTO  X  PROCESSO





segunda-feira, 11 de março de 2013


Morreu na madrugada desta terça-feira, 19 de julho 2011, aos 57 anos, a professora Marildes Marinho, do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG.

Vítima de acidente de carro, Marildes Marinho estava na Bahia, a trabalho, em uma aldeia Pataxó, onde concluíra, no domingo, módulo do curso de formação intercultural de educadores indígenas, que ela coordenava. Ontem era o seu primeiro dia de férias, segundo a diretora da FaE, Samira Zaidan.

Marildes Marinho era doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas, com estágio de doutorado no Institut National de Recherches Pedagogiques (Paris). Pós-doutora pela École des Hautes en Sciences Sociales (Paris), foi pesquisadora visitante no Centre for Language, Discours and Communication, do King's College (Londres). Graduada em Letras e mestre em Educação pela UFMG, era professora da FaE há 19 anos.

 

Não há ventos favoráveis para aqueles que não sabem onde querem chegar.

 

A Língua Portuguesa nos Currículos de Final de Século

Marildes Marinho

 

Para analisar esse artigo tive necessidade de saber por que ele foi escrito. Com essa resposta em mãos o texto fez sentido.

A autora fez parte de um grupo de estudos que analisou currículos de 19 estados brasileiros para que o Ministério da Educação tivesse “subsídios para a elaboração de parâmetros para o ensino da língua materna no Brasil”.

O artigo de Marildes Marinho faz parte do livro "Os Currículos do Ensino Fundamental Para as Escolas Brasileira" de Elba Siqueira de Sá Barreto (org.) que teve sua 1ª edição em 1998, ano em que, segundo consta, o PCN foi implantado, depois de uma versão preliminar em 1995.

Hoje, data da minha análise do artigo, faz 15 anos que o PCN surgiu de maneira definitiva. Não seria o caso de nova pesquisa? Estariam os estados analisados oferecendo ainda currículos tão desalinhados ou tão contraditórios entre “um conhecimento ultrapassado... ou um novo conhecimento...”?.

Toda a minha introdução do trabalho se deu diante da inquietação sobre as ocorrências reveladas e a necessidade de situar no tempo esse artigo.

Em tempos de escassa competência (no Brasil) nessa área, é lamentável a morte tão precoce de uma doutora em linguística, atuante e participativa como ela era.

Falando de parte do título – “final do século” - que deu ao artigo, fala sem querer sobre sua partida quando diz: "Poderosa porque produz a ilusão de um longo tempo, de uma longa vida e, quem sabe, de grandes feitos. Frágil, exatamente por nos sugerir a responsabilidade de realizações não alcançadas." Muito interessante.

 

O currículo sob uma perspectiva externa (contexto político/social) e interna (estudos/pesquisas).

Mesmo com a constituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais pelo governo federal, não descontinua a autonomia relativa de estados e municípios em relação a esse domínio, e o turnover de gestores em secretarias de educação gera uma contínua interrupção dos avanços alcançados por essas secretárias. Visto sob esses ângulos, há quase uma imbricação entre as perspectivas elencados pela autora, ainda hoje.

Com relação a “longa história da disciplina” quero me deter nas décadas de 80 e 90. A renovação curricular iniciada na década de 80 teve como principal mote a oposição ao preceito militar até então vigente. Segundo Elba Barreto “tratava-se de recuperar a importância do saber veiculado pela escola como instrumento de exercício da cidadania plena e como elemento capaz de contribuir para a transformação das relações sociais vigentes.”

Dentro da desvalorização do magistério pontuada por Marildes e denunciada no final do século passado, o livro didático ascende e assume segundo a autora “ o papel de produtor das atividades para a pratica docente...” , hoje os investimentos realizados pelas políticas públicas brasileiras nos últimos anos transformaram o Programa Nacional de Livro Didático (PNLD) no maior programa de livro didático do mundo.

As condições sócio históricas das questões: “quem, para quem, para quê e como foram escritos” podem assumir funções diferentes, dependendo das condições, do lugar e do momento em que o livro didático é produzido e utilizado, nas diferentes situações escolares. Por ser um objeto de "múltiplas facetas", o livro didático é pesquisado enquanto produto cultural; como mercadoria ligada ao mundo editorial e dentro da lógica de mercado capitalista; como suporte de conhecimentos e de métodos de ensino das diversas disciplinas e matérias escolares; e, ainda, como veículo de valores, ideológicos ou culturais.

Dentro dos conteúdos da disciplina de Português, segundo a autora há uma disputa entre língua oral e língua escrita. Ainda conforme a autora, atualmente o peso da produção escrita e literária pesou a balança para o lado da língua escrita, fazendo com que a gramática mantenha seu lugar de destaque.

Embora a linguística seja uma ciência com mais de cento e cinquenta anos de idade, ela é ainda pouco conhecida, não só pelo público leigo, mas também por boa parte do meio acadêmico. Muitos confundem a linguística com a gramática, por acharem que ambas tratam do mesmo objeto: a língua. Outros adeptos da gramática tradicional, muito mais antiga que a linguística, veem nesta última uma ameaça à “pureza da língua”, por ser, segundo eles, uma disciplina por demais permissiva e tolerante com os “erros gramaticais dos falantes incultos”.

A língua ao contrário da gramática, que segundo( FRANCHI,  TRAVAGLIA,2002) “(...) é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrada pelos bons escritores” não deve ser vista como um conjunto de regras, que se utiliza para uma boa fala e escrita. Jamais os educadores podem exigir que o aprendiz fale somente, segundo as exigências da gramática tradicionalista. Para se comunicar de um modo claro, um falante não precisa memorizar regras de linguagem. A gramática da língua é dinâmica esta sempre viva. Ser um bom aluno nas aulas de língua portuguesa que predominantemente são baseadas no ensino de gramática e que, no entanto deveriam ser baseadas na leitura, produção de texto, interpretação de textos e comentários não garante um bom domínio da língua. A boa comunicação de um falante depende da gramática natural interior que é implícita, pode ser considerada um conjunto de regras que os falantes internalizam com o tempo através do que escutam e falam, nenhuma frase é construída sem essa gramática. Já a gramática explicita é transmitida pela escola e pelos livros de gramática. Segundo Chomsky e seus discípulos a gramática é: “Sistema finito de regras que gera frases infinitas - nada mais e nada menos que todas as frases bem formadas da língua-, prova as respectivas descrições estruturais, bem como as relações entre som (representação fonética) e significado (interpretação semântica)”.( apud LUFT,s/a,34 ).

A proposta do Parâmetro Curricular Nacional de Língua Portuguesa para as primeiras séries do ensino fundamental discute a aprendizagem da Língua Portuguesa como ensino voltado para a troca interpessoal “É possível aprender, tanto sobre a linguagem verbal quanto sobre as práticas sociais nas quais ela se realiza, por meio da troca interpessoal”.

Numa perspectiva de ensino/aprendizagem crítica do ensino da língua, apresenta a leitura e a produção de texto como base para a formação do aluno cidadão. Esse aluno é incentivado a ser um sujeito critico conhecedor dos seus direitos e preparado para “falas adequadas ao contexto de uso”.

O PCN bate insistentemente na tecla da formação do cidadão que “progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental ... se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações.”

O PCN parte de uma tríade para o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa na escola “... o aluno, a língua e o ensino.”

Dentro desse contexto, em relação ao aluno é correta a afirmativa Se o objetivo é que o aluno aprenda a produzir e a interpretar textos, não é possível tomar como unidade básica de ensino nem a letra, nem a sílaba, nem a palavra, nem a frase que, descontextualizadas, pouco têm a ver com a competência discursiva.”

Quanto a língua A importância e o valor dos usos da linguagem são determinados historicamente segundo as demandas sociais de cada momento. O homem é um ser histórico e o PCN dentro do mote cidadania preconiza que “Toda educação verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais.” 

A articulação das três variáveis termina com o ensino, nossa tarefa. Sem o aluno, “objeto da ação”, ou sem a língua, “objeto de conhecimento”, o ensino não se faria necessário no contexto de “aprender e ensinar língua portuguesa na escola.”

Cabe a escola, representada pelo professor, acabar com a “mutilação cultural” que tem efeito contrário ao preconizado pelo PCN quanto a estimular a valorização do sujeito critico.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

PCN Língua Portuguesa

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE LÍNGUA PORTUGUESA A proposta do Parâmetro Curricular Nacional de Língua Portuguesa para as primeiras séries do ensino fundamental discute a aprendizagem da Língua Portuguesa como ensino voltado para a troca interpessoal “É possível aprender, tanto sobre a linguagem verbal quanto sobre as práticas sociais nas quais ela se realiza, por meio da troca interpessoal”. Numa perspectiva de ensino/aprendizagem crítica do ensino da língua, apresenta a leitura e a produção de texto como base para a formação do aluno cidadão. Esse aluno é incentivado a ser um sujeito critico conhecedor dos seus direitos e preparado para “falas adequadas ao contexto de uso”. O PCN bate insistentemente na tecla da formação do cidadão que “progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental ... se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações.” APRENDER E ENSINAR LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA O PCN parte de uma tríade para o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa na escola “... o aluno, a língua e o ensino.” Dentro desse contexto, em relação ao aluno é correta a afirmativa “Se o objetivo é que o aluno aprenda a produzir e a interpretar textos, não é possível tomar como unidade básica de ensino nem a letra, nem a sílaba, nem a palavra, nem a frase que, descontextualizadas, pouco têm a ver com a competência discursiva.” Quanto a língua “A importância e o valor dos usos da linguagem são determinados historicamente segundo as demandas sociais de cada momento”. O homem é um ser histórico e o PCN dentro do mote cidadania preconiza que “Toda educação verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais.” A articulação das três variáveis termina com o ensino, nossa tarefa. Sem o aluno, “objeto da ação”, ou sem a língua, “objeto de conhecimento”, o ensino não se faria necessário no contexto de “aprender e ensinar língua portuguesa na escola.” Cabe a escola, representada pelo professor, acabar com a “mutilação cultural” que tem efeito contrário ao preconizado pelo PCN quanto a estimular a valorização do sujeito critico. " " * Texto do PCN

domingo, 9 de dezembro de 2012


Fala e Escrita: Propostas didáticas para os anos iniciais do ensino fundamental

Débora amorim Gomes da Costa

 

O desejo de que os brasileiros alfabetizados possam ir além da leitura, conseguindo entender o que lêem é, não só de governantes, cobrados por vários setores da sociedade, mas também de educadores esperançosos de ver essa realidade mudada. Quando li o texto da Débora Costa, percebi que estou dentro da estatística de analfabetismo funcional. Acredito que não entendi muito bem o que ela esta tentando transmitir com sua pesquisa. Não quero ser chata, porém tudo parece artificial. A linguagem padrão que ela utiliza leva a uma dificuldade de interpretação do que é dito. Pelo menos por mim.  Quando li o texto pela 1ª vez lembrei-me de um livro que li ano passado, e fui logo procurá-lo. A Língua de Eulália, Marcos Bagno.

Eu acho pertinente a preocupação didática sobre a relação fala-escrita, mas “tratar” esse assunto, acredito, passa por atualização pedagógica sobre as diferenças linguísticas de um pais, principalmente o nosso com dimensão continental. Quantas línguas se fala no Brasil? Existe realmente uma unidade linguística? Se a resposta é sim, quero lembrar as línguas indígenas sobreviventes e as comunidades de imigrantes estrangeiros que mantêm viva a língua de seus patriarcas. Os “gêneros diferenciados”, citados pela autora, encontram eco no autor Marcos Bagno, quando ele afirma: “... há diferenças fonéticas (modo de pronunciar os sons da língua), diferenças sintáticas (modo de organizar as frases e as orações), diferenças lexicais (palavras que existem num lugar e não existem em outro), diferenças semânticas (significados diferentes para uma mesma palavra),...” . A pesquisa a meu ver seria mais útil se demonstrasse que uma proposta oficial para ensino da língua materna, é oferecida para todo o Brasil sem considerar essas diferenças.  Acredito que uma unidade é desejada, porém, há diferenças geográficas, de gênero, socioeconômica, etária, de nível de instrução, urbana, rural... Não acredito que uma unidade seja possível.

Marcos Bagno faz uma diferenciação entre ensinar e educar que pode mostrar a dimensão do abismo que separa a ação pedagógica de uma e outra “...o verbo “ensinar”... provém do latim in+signo, isto é, “por um sinal em” alguém, e implica uma ação de fora para dentro, implantar alguma coisa (um signo ou um conjunto de significados) na mente de alguém. Já “educar” vem de ex+duco, “trazer para fora, tirar de, dar à luz” num movimento que se faz na direção oposta à de “ensinar””. Quando li o texto me senti sendo ensinada. Sinto muito Ivan se não era bem isso o que você queria sobre o texto da Débora.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Eu,

Oriunda de escola pública em todos os segmentos, fui alfabetizada aos sete anos. Tinha aproximadamente 9 anos quando recebi de meus pais a coleção de Monteiro Lobato. Capa dura, com tamanho aproximado de folha A4, cada página cheia de ilustrações e convites para seguir caminhos de sonhos, usando a imaginação com eu nunca havia usado antes. Fiquei viciada. Nunca mais parei de ler. Como dito por você, em aula, até notícias de jornal velho me interessavam. Não sei quantas vezes invadi minha pequena escola primária, nos fins de semana, para sorrateiramente tirar livros cheios de poeira de uma sala sempre fechada e lê-los de maneira ávida, sem parar, sem quase respirar, envolvida em sentimentos ambíguos: alegria e preocupação.
Gibis, fotonovelas, livros de bolso, revistas, periódicos, sei lá, tudo que podia. No 2º segmento meus professores me abasteciam, louvado seja Deus pela vida deles. Eu quase enlouquecia nas férias.
Eu lembro muito de uma colega que a mãe passava roupa para famílias residentes na zona sul e tinha sempre em sua casa revistas, gibis e fotonovelas que trazia de seu trabalho. Eu a tratava como super amiga, e lia tudo que chegava.
No ensino médio descobri os sebos. Até hoje perambulo por sebos e feiras. Nenhum livro que me indiquem deixo de folhear. Meu tema preferido? Não tenho! Cresci lendo Azimov, adoro ficção, O Morro dos Ventos Uivantes marcou minha adolescência, adoro romance, Xogum li três vezes, adoro história, Castro Alves, José de Alencar, Machado de Assis, sonho ter tempo para relê-los. Embaixo da minha arvore de natal tem três livros: Não consigo emagrecer, 1822, o futuro da humanidade. Sou eclética. Durante a greve li três livros, A Casa de Vidro, O Livreiro de Cabul e Infiel. Atualmente estou lendo Pioneiros e Bandeirantes (Viana Moog), excelente. Gostei muito de você Ivan.